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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Tempo que voa...

Oi!
Já se passaram nove meses desde que eu e Mohamed nos casamos.
Pra mim parece que foi ontem, mas nove meses é muito tempo, é o tempo de uma gestação. E se eu for comparar tudo o que me aconteceu durante esses nove meses, é como se fosse mesmo uma gestação. Mas com uma diferença, pq não foi a gestação de um bebê e sim de uma vida nova completamente diferente, em um novo país, com uma nova pessoa, com outros hábitos e costumes...enfim, eu poderia dizer que foi a gestação de um novo tempo na minha vida, como aquelas linhas imaginárias que separam o antes e o depois de algo grandioso e que realmente é um marco na vida de qualquer pessoa.
Foram os nove meses mais movimentados da minha vida!
Muitas mudanças e "adaptações".
Falo adaptações entre aspas pq já percebi que a gente nunca se adapta de verdade. Participo de vários grupos na internet, grupos de brasileiras que são casadas e vivem no exterior e acho que se não conhecesse as histórias delas iria sempre achar que as minhas dificuldades são por conta do país onde vivo. Mas li muito, conversei com pessoas e percebi que não é bem assim, mesmo meninas que vivem em países da Europa enfrentam limitações e também tem suas queixas. Claro que Arábia Saudita é Arábia Saudita, mas no momento em que se coloca os pés fora do Brasil a gente se sente meio órfã, não importa em qual país vc esteja.

Estamos na época fria aqui na Arábia, mas isso não é um problema pra mim, eu gosto do frio, desse frio eu gosto...O que não gosto é do frio no coração das pessoas. Sim, a impressão que eu tenho é de que apesar de aqui a maioria das pessoas terem mais do que o suficiente pra viver em termos financeiros, há uma certa frieza no coração, uma tristeza no ar, até mesmo as crianças daqui são diferentes das crianças brasileiras, por exemplo. Uma vez no trânsito o carro parou no sinal e um outro carro parou do nosso lado, era um casal de estrangeiros e eles tinham um filho, um menino de uns 3 anos. Ele estava no banco de trás e começou a olhar pra mim, ele ria, fazia careta, jogava beijinho, se escondia, se divertindo muito e eu morrendo de rir, na hora que o sinal abriu ele deu tchau e fez uma carinha triste, eu achei isso tão fofo e comentei com o Mohamed que aquilo só tinha acontecido pq ele não era daqui. Essa situação ilustra muito como eu me sinto: eu vivo aqui e estou feliz (até onde é possível com as limitações), mas a maneira como são as pessoas daqui e como elas vivem afeta bastante na minha vida. Já até comentei uma vez no meu facebook que as mulheres daqui não sorriem muito e tem olhos tristes, e na verdade não são só os olhos, parece que muitas delas carregam um peso e uma grande tristeza na alma, coisa que eu não sei bem explicar, mas qualquer pessoa com senso crítico é capaz de perceber isso. Claro que eu não estou generalizando, existem pessoas que são muito felizes aqui, tem uma vida muito boa, e essas observações eu faço mais em relação aos nativos, não estou falando dos estrangeiros. Pra quem é de fora a vida é diferente, limitada, mas com muitos pontos positivos, aliás, quem é de fora veio pra cá por algum motivo maior, alguma vantagem que certamente o pais tem a oferecer.

A falta de amigos é uma das piores coisas nessa minha nova vida. Felizmente um casal de brasileiros amigos nossos breve estarão vivendo aqui em Riyadh e eu estou confiante de que as coisas vão melhorar nesse sentido, eu vou ter uma amiga mulher pra conversar em português e isso já é muito pra mim! Eu sei que provavelmente se isso não acontecesse eu iria continuar sozinha e por mais que eu não goste disso, é meio que uma escolha minha. Eu não sinto vontade de me "enturmar" aqui, eu prefiro (apesar dos contras) ficar na minha, não fazer amizades. Por que isso? Não sei direito, talvez eu seja estranha ou talvez eu acredite que é  legal quando amigos compartilham de afinidades parecidas, não que pessoas diferentes não possam se entender, mas um entendimento no nível cultura do Brasil x cultura da Arábia Saudita talvez seja um pouquinho complicado hahaha...

Outra coisa ruim: amanhã é Natal e eu estou aqui! Nem sinal de Papai Noel, de luzes ou musiquinhas chatas, mas que a gente adora e sempre se sente nostálgica. 
Eu nunca gostei muito de Natal, mas agora sinto falta, principalmente por estar tao longe da minha família e amigos. Eu sei que eu tenho o Mohamed, mas algumas pessoas especiais não são substituíveis. Vc pode até ter um amigo "meia boca" e algo acontecer, vcs se afastarem e vc provavelmente vai encontrar um outro amigo, talvez até melhor, amigo esse que vai ficar no lugar do antigo amigo, mas vc jamais vai ser capaz de substituir uma mãe, uma irmã, uma melhor amiga por outra pessoa. 

Além do Natal, tem ainda o final de ano, que é sempre aquele momento em que a gente pára pra analisar o que fez de bom ou ruim durante o ano que está no fim. Quais foram os projetos e planos que se concretizaram e quais são os que tiveram que ser adiados pro ano seguinte. Essa é a parte boa da história, pq em anos anteriores eu sempre ficava com a mesma sensação de que o ano estava acabando e eu não tinha feito nada de grande ou especial. Esse ano está sendo diferente pq eu sei que fiz muito, que fui corajosa, que fui ousada e que apesar de alguns medos, eu não paralisei e fui adiante! Isso me deixa com uma sensação de dever cumprido que é muito boa de ser sentida e que há muito tempo não me lembrava como era isso. 


Antes eu falei dos motivos que levam muita gente a se mudar pra cá, normalmente esses motivos são financeiros. Essa parte é ótima! A vida que Mohamed e eu temos aqui, em termos de trabalho, conforto, saúde, segurança e vários outros pontos, nós jamais iríamos conseguir ter no Brasil ou no Egito. O apartamento onde vivemos aqui, se fosse pra vivermos em algo equivalente a isso no Brasil, no mínimo eu teria que ser funcionária pública do Senado ou algo assim pra conseguir pagar kkkkkk A segurança do pais é de deixar qualquer brasileiro de queixo caído, já falei sobre isso em posts antigos, mas é algo que ainda hj me impressiona.
Nas questões de lazer não se tem tantas opções, mas a gente sai todo final de semana, os shoppings são grandes, lindos, tem tudo que existe em todos os países de primeiro mundo, vc consegue comprar coisas muito boas por um preço justo, a variedade de tudo é incrível. Além disso, apesar da paisagem meio amarelada do deserto, a natureza também tem seu charme e a gente está sempre desfrutando do que ela tem a nos oferecer. Eu sempre fui muito caseira, mas aqui eu tenho conhecido muita coisa e mesmo com as limitações, tenho aproveitado mais da vida aqui do que fui capaz de fazer no Brasil. E é claro que eu teria mais fatos interessantes pra contar, mas nem tudo deve ser dito em um ambiente como esse de internet, onde eu escrevo pros meus amigos, mas sei que outras pessoas que não são tão amigas assim também terão acesso. Certas coisa é manter deixar em off, mas resumindo: somos dois estrangeiros vivendo em uma terra diferente da nossa, se enquadrando e respeitando as regras, mas sendo felizes do nosso jeito. Diferente de alguns nativos que eu comentei antes, nós temos "olhos sorridentes"! Hehehe
O Mohamed é o motivo de eu estar aqui e esses nove meses foram de muito aprendizado, de encaixes, de muita cumplicidade e amor. Eu poderia estar sozinha em qualquer lugar do mundo, mas eu iria preferir estar aqui com ele. E é onde eu estou, aqui ou em qualquer lugar, se for ao lado dele, então é onde eu devo estar. Apaixonada nível mil por este homem!
Apesar de tudo eu estou muito feliz com as mudanças. Foi a escolha certa no momento certo, pelos motivos e pela pessoa certa. Nunca me senti tão amada, tão cuidada e tão querida como me sinto com ele. Nunca tive tanta sintonia com uma pessoa, ao ponto de tê-la encontrado nove meses atrás e ainda hj ter a sensação de que é só o primeiro dia, mesmo depois de tanto tempo. Isso é algo especial! Isso é o que faz com que as outras dificuldades sejam amenizadas. Isso faz com que tudo valha a pena. Eu sei de casos de meninas que se casaram e mudaram pro país do amado e que além da questão da adaptação com a cultura, existem muitos problemas de relacionamento com o marido ou com a família do mesmo e eu realmente admiro essas meninas, pq eu sei que não suportaria uma vida longe da minha família e num casamento difícil.
Enquanto estivermos bem e felizes a vida aqui vai continuar valendo a pena!
Então é isso pessoal.
Talvez eu não volte mais aqui no blog esse ano, então aproveito pra desejar um Feliz Natal pra todo mundo e que 2015 seja ainda melhor do que 2014, que muitas coisas boas aconteçam e que eu tenha muitas histórias bacanas pra contar desse minha aventura vida na Arábia!
Beijo no coração :)



quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Um espaço vazio...

Olá....tudo bem?
Hoje vim só pra conversar....falar sobre mim, sobre como me sinto em relação à Arábia Saudita, em relação às pessoas e algumas situações que acontecem no dia-a-dia.

Ultimamente eu ando tão sem paciência pras chatices de algumas pessoas, pro ciúmes e pra inveja de outras e principalmente pra burrice de algumas. Eu falo de chatices, mas eu sou uma pessoa insuportável, sou chata, sou irritante e principalmente eu sou uma pessoa muito difícil. Dificílima. Tenho um milhão de defeitos, quando alguém me pergunta qual é o meu maior defeito eu sempre fico sem saber qual escolher, porque são tantos e tão graves que eu sempre fico em dúvida, mas eu tenho uma qualidade: eu sou honesta com as pessoas sobre quem eu sou. Eu tenho os meus defeitos e não escondo isso de ninguém, eu sou a primeira a falar. Não, isso não é algo tão grave pq eu conheço cada um deles e faço o máximo possível pra mantê-los sob controle. Isso não quer dizer que eu consiga sempre, mas eu faço o que posso. Outra coisa boa é que apesar de todos os defeitos eu não afasto as pessoas de mim, muito pelo contrário, eu as atraio, eu sei como manter minhas amizades. Minha melhor amiga, Denise, nos conhecemos na 5ª série, tínhamos 10 ou 11 anos e somos amigas até hj. Já temos mais de 30! E não somos iguais em tudo, temos muitas diferenças, mas a gente se entende...Ela é parte da minha alegria, do meu bem-estar, do meu "equilíbrio". Sem ela eu seria incompleta! Eu sou muito grata por saber que seja onde for, em que tempo for, ela vai estar sempre comigo. Não há dinheiro no mundo que pague isso.


Eu estou falando isso pq eu estou tão cansada de gente forçando a barra, de gente que finge amizade mas lá no fundo fica torcendo pra ver a gente na merda! Muitas vezes eu perco a fé no ser humano, vejo o quanto ainda temos que evoluir. As pessoas tem tantas frustrações e vivem a despejar isso em cima dos outros. Gente mal amada, que se sente ofendida pelo simples fato de que eu estou aqui. 
Eu quero falar principalmente pras meninas que tem um relacionamento virtual com algum árabe, prestem atenção em quem vocês confiam, pq o que tem de gente fura-olho nesse meio não está escrito no gibi! Todas são "amigas" de todas, mas se uma hora vc conseguir o que a sua amiguinha não conseguiu, vc vai se tornar inimiga número 1 dela. Ela vai achar que tudo que vc faz é pra diminuí-la ou irritá-la, ou os dois! Acreditem naquela frase que diz que as pessoas querem te ver bem, mas nunca melhores do que elas. Isso é a mais pura verdade. Infelizmente muita gente se esquece que a gente paga um preço por tudo na vida. Não pensem que tudo que eu fiz foi simples, deixar o meu país, me casar com um cara que eu conheci na internet, mudar pra Arábia Saudita, ficar longe da minha família...Nada disso é fácil! Ganhei por um lado, mas perdi por outro. Foi uma escolha minha, nunca me arrependi. Cada dia tem sido especial, mas a saudade tem dias que aperta e me deixa sem ar. As pessoas falam que eu sou corajosa, e é verdade, eu sou mesmo! Às vezes na vida a gente tem que pagar pra ver. Eu fiz o que tinha que fazer, o que o meu coração pediu...e ele estava certo, mas isso não saiu de graça. E principalmente, eu me atirei por acreditar na pessoa que é o Mohamed. Ele nunca me decepcionou em nada. Ele me surpreende a cada dia. Mas eu não vou ficar falando do meu relacionamento com ele, pq o objetivo do blog nunca foi esse. Existem dezenas de meninas casadas com árabes e que dão a fórmula das relações felizes e corretas. (É até meio irônico pq algumas dessas meninas vivem um relacionamento falido, mas elas estão lá, firmes e fortes, sempre dizendo o que vc deve e o que não deve fazer pra ter um relacionamento de sucesso com um árabe muçulmano.) Eu prefiro me atentar à outras questões, afinal de contas, cada pessoa é diferente, cada história é única, eu não posso falar com base apenas no meu relacionamento, seria um ponto de vista muito limitado diante de tantas realidades diferentes. Mas resumindo, o que eu quero dizer é que o amor incomoda muita gente. Isso é muito chato! Nem todo mundo se sente confortável com um casal feliz e apaixonado. Sempre vai ter alguém com dor de cotovelo pronta pra jogar uma pedra. É deprimente pq gente assim vive sempre na pior e nunca sai do lugar. As pessoas deveriam focar mais no amor, não apenas o amor romântico de casal, mas o amor, pelos amigos, pela família, pelo próximo...o mundo sempre vai te devolver o que vc entregar a ele. Se o que vc está dando não é bom, não espere coisas boas de volta. É muito simples.

Uma das maneiras que algumas pessoas encontram pra criticar, no meu caso, é falar mal da Arábia Saudita. O mais engraçado é que essas pessoas nunca nem saíram do Brasil, talvez nunca nem mesmo tenham saído da cidadezinha onde vivem, mas acham que sabem tudo! 
O que eu costumo dizer em relação à Arábia é que eu tenho uma relação de amor e ódio com esse país. Sim, eu amo a Arábia, mas tb odeio. Complicado, né?! Mas eu disse antes que sou complicada....Não precisa tentar me entender. 
Eu amo a Arábia pq eu tenho uma vida boa e confortável aqui, pq meu marido tem um bom emprego (na verdade, dois), pq os passarinhos vem cantar todos os dias na minha janela, porque as cidades são limpas e organizadas, pq as luzes coloridas que enfeitam tudo à noite sempre me deixa feliz....ahhh por vários outros motivos. Eu morei sozinha em Brasília antes de vir pra cá. Foi uma das melhores experiências da minha vida. Eu dormia sozinha, acordava sozinha, trabalhava pra pagar aluguel e todas as despesas de uma casa, eu ia fazer compras no supermercado sozinha...eu cuidava de mim sozinha, mas a verdade é que nunca me senti só! Eu achava um luxo o tempo que eu gastava comigo mesma e com minhas coisas. Eu me sentia importante. Mas eu estava tão cansada, cansada do trabalho, dos dois ônibus que eu tinha que tomar todos os dias pra ir e voltar do trabalho, cansada e com medo, pq me sentia refém da violência, por isso vivia me poupando de tudo. Eu tinha muito medo. E confesso, nunca fui uma feminista. Sou sim, uma defensora de direitos humanos (dentro do que é possível ser), mas feminista nunca fui. Então hj eu gosto dessa vidinha de casa, marido, conforto e tranquilidade. Eu sei que muita gente não consegue imaginar algo assim, mas eu adoro e consigo aproveitar mais as coisas aqui do que fazia no Brasil. Mohamed gosta de sair, gosta de viajar, gosta de fazer coisas e isso é bom pra nós. 
A parte ruim da Arábia são as limitações impostas às mulheres. Isso todo mundo sabe! Eu não preciso ficar explicando aqui. Ainda assim a minha vida aqui é melhor do que era no Brasil e com absoluta certeza, melhor do que seria se eu estivesse morando com habibi no Egito.
Eu vim pra cá com tanto medo, as pessoas falam tanto que acho que acabam criando uma imagem muito pior do que realmente as coisas são. Eu já falei isso antes aqui e repito: de certa forma, em muita coisa, eu me surpreendi positivamente com a Arábia. Eu não fico em lugar nenhum brigando e nem defendendo nada, eu não defendo nem o Brasil, mas o que me deixa irritada é essa mania que as pessoas tem de falarem do que não conhecem e quando eu vejo alguém fazendo isso eu meto o bedelho mesmo. Eu não sei se algumas pessoas gostariam de ver as mulheres que vivem na Arábia Saudita usando burqa, muitas vezes parece que sim, porque surgem discussões tão ridículas que me tiram do sério. Pra começar, pros desinformados, burqa é coisa do Afeganistão. O que as sauditas usam se chama niqab. Daí quando vem alguém discutir comigo afirmando que TODAS as mulheres na Arábia são obrigadas a cobrir os olhos eu não consigo ficar quieta. O pior é ver gente desinformada dando informações erradas e outras pessoas que também são desinformadas acreditarem. É um ciclo de ignorância se propagando e isso me irrita profundamente. 
Gente, pessoas do meu coração, vamos falar só do que a gente conhece. Eu, por exemplo, não falo da Coréia do Norte porque eu nunca estive lá, então eu não sei. Se vc nunca esteve na Arábia Saudita, então não fale, deixe pra falar quando vc vier aqui, combinado? 


Vocês devem estar achando que eu tô maluca, né?! kkkk
Falei tanta coisa, misturei tudo, ainda queria falar muito mais, botar pra fora coisas que tem me irritado, mas acho que por hoje já chega!

Dia 03 de Dezembro nunca mais vai ser o mesmo pra mim e acho que por isso hj eu estou assim, querendo falar e triste, chateada, com um nó na garganta...O motivo disso tudo é que há 1 ano atrás Deus levou uma pessoa especial, uma amiga que eu nem cheguei a conhecer pessoalmente, mas que durante o tempo que esteve na minha vida foi muito importante pra mim: Grazi Bugança. 
Eu conheci a Grazi em um desses grupos de brasileiras que amam egípcios e a gente logo se identificou. Ela também tinha uma personalidade muito forte e nós logo nos tornamos grande amigas, confidentes. Com ela eu me sentia à vontade pra falar tudo e ela sempre me dizia que apesar de ser muito popular nos grupos e no Fb (ela tinha muitos seguidores), só confiava de verdade em mim e em outra amiga, a Poliane. 
Grazi tinha um relacionamento com um egípcio e na primeira vez que viajou pra terra dos faraós, 1 mês depois, descobriu que estava com câncer. Voltou ao Brasil, fez um tratamento, achou que estivesse bem e voltou pro Egito depois de alguns meses. Começou a trabalhar, estava super feliz fazendo mil planos e a doença voltou. Ela novamente viajou pro Brasil pra se tratar, mas dessa vez ela não conseguiu voltar pro Egito. A coisa se complicou e ela acabou nos deixando. 
Tudo que eu faço eu lembro dela, eu queria contar tudo pra ela, dividir com ela tudo que tenho vivido aqui e é um espaço no meu coração que é impossível de ser preenchido por alguém. Eu sempre vou lembrar dela me falando: "Ana, se você demorar a ir pro Egito o Mohamed vai acabar se cansando, ele é um homem lindo, tá cheio de mulher na espreita só esperando vc pisar na bola pra elas atacarem...e se vc perder esse homem maravilhoso eu vou dar de chinela na sua cara!" Kkkkkk Eu morria de rir...Dias antes dela partir nós conversamos e eu disse que viajaria no início do ano, ela ficou tão feliz e falou assim: "Amiga, eu sempre te ameacei, mas se vc demorasse 10 anos pra ir, eu tenho certeza que o Mohamed te esperaria 10 anos!" :'( 
Eu só queria que as pessoas fossem duras, mas honestas como a Grazi foi comigo. Ela sempre me defendeu, foi uma amiga de verdade até o fim e é por isso que eu falo dela com tanto amor e saudade. Ela foi transparente comigo como pouca gente foi até hj. Eu gostaria de ter mais pessoas assim na minha vida!
Eu sei que eu não pude dividir tudo que eu vivi esse ano com ela, mas eu também sei que de onde ela está ela sabe de tudo e está feliz por mim, feliz de verdade! 

Meu coração hoje está que é só dor e saudade <3


domingo, 23 de novembro de 2014

Arábia Saudita, florescendo no deserto

Olá!
Hoje vou trazer uma "curiosidade" pra vcs...Talvez algumas pessoas até já tenham conhecimento desse fato, mas eu, por exemplo, só fiquei sabendo sobre isso quando vim morar aqui e achei tão interessante que resolvi passar adiante pra quem ainda não sabe.
A Arábia Saudita é o único país do mundo que não tem nenhum rio ou lago. Existem alguns oásis, mas rio mesmo, rio de verdade, não tem!
Apesar desse fator, a agricultura no país vem crescendo muito.
Até pouco tempo atrás a escassez de água e a alta salinidade do solo não permitiam avanços na agricultura, mas com a chegada da irrigação, esse quadro pôde mudar.
Ao longo das últimas décadas, engenheiros e fazendeiros têm aproveitado reservas de água para plantar grãos, frutas e legumes no deserto. 


A foto acima mostra como era um trecho de deserto da Arábia Saudita em 1987. Nas fotos abaixo, dos anos de 1991, 2000 e 2012 você vê como o cenário mudou. As fotos, feitas pelo satélite Landsat tem as cores distorcidas.




Os círculos verdes são áreas de cultivo. São circulares porque o equipamento de irrigação gira em torno de um eixo, jogando água no solo. É uma história edificante.
Mas você deve estar se perguntando: de onde vem essa água em um país desértico, como a Arábia Saudita???

A sede das plantas que nascem no deserto árabe é satisfeita por água que data da última era do gelo. Em um passado mais temperado, há cerca de 20.000 anos, essa água "fóssil" formou aquíferos que agora estão enterrados muito abaixo dos oceanos de areia e das formações de calcário.
Os árabes alcançaram essas fontes subterrâneas escavando poços através da rocha sedimentar, chegando a escavar um quilômetro abaixo da areia do deserto. Embora ninguém saiba quanta água há por sob o deserto - as estimativas vão de 252 a 870 quilômetros cúbicos - hidrólogos acreditam que a extração só será viável por cerca de 50 anos. 
A média de precipitação pluvial é de 100 a 200 mm por ano, e ainda assim geralmente não renova os aquíferos subterrâneos, fazendo deles uma fonte não renovável.







Entre os principais produtos produzidos pela Arábia Saudita estão os cereais, tâmara, tomate, melancia, melão e uva. Destacam-se ainda a produção de cebola, batata, cevada, frutas cítricas, figo, milho, gergelim, entre outros.


(Fonte: Earth Observatory - Nasa)

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Parque Rei Abdullah

Oi!

Como vcs já sabem, existem muitos parques aqui na Arábia onde as famílias costumam ir e desfrutar as belas paisagens, um pique-nique e até mesmo um churrasco. 
Hoje eu vim apenas mostrar um desses parques pra vcs, o King Abdullah Park, que foi um dos que eu mais gostei de conhecer aqui.







O King Abdullah Park ocupa uma área de 318 mil metros quadrados, com uma cobertura verde de 150 mil metros quadrados, fica em Riyadh, no distrito de Malaz e se destaca por conta de uma belíssima fonte dançante.

O parque possui jardins, parques infantis, área de descanso para as famílias, calçadas e áreas de estar. As crianças adoram e aproveitam para andar de bicicleta e patins no local, que possui 5 entradas principais.











Uma coisa engraçada que aconteceu foi que paramos um pouco pra descansar e Mohamed começou a cantar a música do Michel Teló. Daí há pouco a gente começa a ouvir longe crianças rindo e cantando a mesma música: "Nossa, nossa, assim você me mata! Ai se eu te pego, ai, ai se eu te pego!" Nós começamos a rir sem acreditar naquela cena, quatro crianças árabes, dois meninos e uma menina de aproximadamente 10 anos, cantando animadamente em português! Os pais devem pensar: Maldito avanço da internet e maldita globalização!!! Kkkkkkkkkk E a gente se diverte! Hahaha (Não deu pra fazer vídeo, mas olha aqui os meninos patinadores se divertindo!)


Outras atrações do parque incluem um grande lago, uma fonte dançante equipada com tecnologia laser, anfiteatros, uma área aberta para a realização de shows e eventos e um mastro de 37 metros de altura com a bandeira saudita.  O parque também abriga um edifício destinado a visitantes VIP.








A fonte começa a funcionar após a oração Maghrib, que é a oração do crepúsculo (realizada mais ou menos no horário que o sol se põe).

Mas vamos deixar de conversa e vamos ao que interessa que é a tal fonte dançante. Gente, É LINDO DEMAIS! A música é linda, as cores, o barulho da água, os efeitos de laser...É de encher os olhos das crianças pequenas e das grandes também...Hahahaha. 
Fiz alguns vídeos pensando em vcs, claro. 


Espero que tenham gostado de conhecer mais um pouquinho da vida e dos lugares aqui na Arábia, fiquem com Deus e até a próxima!



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Saudi National Day

Prometi e aqui estou com mais histórias.
Ontem foi comemorado aqui o Saudi National Day ou Dia Nacional da Arábia. O motivo dessa comemoração é que foi nesse dia, em 23 de Setembro de 1932, que o Rei Abdulaziz anunciou o país como um reino. Bom, as informações mais técnicas eu não posso passar pra vcs (não é muito a minha área), mas acho que todo mundo entendeu, né? Que bom! :P

Mastro com a bandeira da Arábia Saudita
Na ida passamos em frente ao Hotel Ritz-Carlton e do nada surgiram essas luzes, liiiiindo, parecia que estavam fazendo os últimos ajustes pro show da noite
Confesso que ontem foi um dia muito complicado pra mim. Motivo: saudade do Brasil. Talvez por já vir acompanhando a preparação do povo saudita pra comemorar o National Day, ou talvez não, não sei...só sei que ontem a saudade me pegou, não aquela saudadezinha que a gente sente e logo passa, foi uma saudade imensa de tudo que diz respeito ao meu país. Também não era uma saudade do tipo: vou fazer minhas malas e voltar agora. Não! Eu fiz uma escolha que foi pensada e calculada e eu não me arrependo disso, metade do meu coração está aqui com o Mohamed. Eu sou feliz aqui com ele e nunca, nem por um segundo sequer, eu pensei em desistir ou voltar atrás, mas o Brasil é a minha terra, é lá que está minha mãe, minha família e meus amigos, é lá que está a outra metade do meu coração. Somente quem mora fora do país é que sabe o tamanho da saudade...e acredito eu que quanto mais longe estamos, maior a saudade...Amo o meu Brasil! Amo ser brasileira! E embora me sinta agradecida pela vida que tenho aqui na Arábia, na verdade eu não pertenço a esse lugar. Meu lugar sempre vai ser o Brasil. (Que coisa mais sem graça, eu abri o blogger pra falar do Dia Nacional da Arábia e aqui estou eu, chorando as pitangas, com saudade do Brasil kkkkk Ok, passou...passou!)

Mas enfim, eu falei dessa saudade toda pra explicar que na verdade ontem eu não estava com a menor vontade de sair de casa e nem do sofá, mas já havia planejado antes de acompanhar um pouco da programação que eles estavam fazendo pra comemorar essa data....não sei as voltas que o mundo dá e nem sei se no próximo ano, nesse dia, eu vou estar aqui, por isso mesmo desanimada eu fui! Não quero perder nada na Arábia. =)

Saímos de casa no finalzinho da tarde. Primeira parada: Old Diriyah (meu lugar preferido em Riyadh). Mas ontem lá estava meio complicado, na entrada um trânsito pesado, um burburinho, uma confusão que me deixou mais desanimada do que eu já estava. E sem um pingo de paciência.




Tinha um palco montado e muita gente aguardando as apresentações, mas eu preferi ficar longe, só observando os parapentes (nem sei se é esse o nome) que estavam por ali, com rapazes bastante habilidosos. Acabamos dando umas voltas de carro, compramos tâmaras fresquinhas, paramos um pouco pra admirar o pôr-do-sol e resolvemos procurar outro lugar.






De Old Diriyah fomos pro Centro Histórico King Abdul Aziz, o que também não foi uma grande ideia, já que demoramos muito para encontrar uma vaga no estacionamento e o local estava bem movimentado, mesmo ainda sendo cedo. Mas estava tudo lindo! Desde as ruas por onde passamos, enfeitadas com árvores de luzes coloridas e bandeiras, até os prédios e pontos turísticos da cidade, todos iluminados com luzes em tom de verde ( a cor da bandeira). No Centro Histórico, as construções também estavam iluminadas e as pessoas pareciam muito felizes. O clima ontem era diferente. As crianças estavam vestidas com roupas e perucas verdes e corriam de um lado para o outro agitando suas bandeirinhas. Os jovens em grupos, falando muito e empolgados, pareciam mais corajosos e felizes. Mohamed me falou que esse é o único dia do ano onde as pessoas aproveitam pra fazer muita coisa que é considerada proibida por aqui e que isso não é algo liberado oficialmente, mas no Dia Nacional as pessoas meio que fecham os olhos pra alguns "exageros".





Imagina se as famílias iriam perder a oportunidade de fazer o que eles mais gostam aqui: um pique-nique. No Dia Nacional também tem que ter pique-nique, senão não seria Dia Nacional!

Quando chegamos lá no Centro Histórico tinha acabado de ser apresentado uma dança típica (merda...perdemos!) O espetáculo de dança popular feita apenas pelos homens é uma espécie de arte marcial com espadas. O nome da dança é 'Ardah (mas ainda haviam algumas pessoas por ali e as crianças aproveitaram pra se divertir mais ainda...) 
Fiz um vídeo dessa brincadeira. Comentei com o Mohamed que desde que vim morar aqui, ontem foi a primeira vez que eu vi as pessoas demonstrando felicidade e de certa forma eu também fiquei feliz.
Olhem ali o Neymar no vídeo...(metade dos meninos aqui tem uma camiseta do Neymar Junior hahaha)


Havia um grande telão e um palco montado pra várias apresentações que começariam mais tarde. Com certeza algo interessante e que eu gostaria de ter visto, mas como eles dificultam muita coisa por aqui, a entrada era controlada e mulheres ficavam em uma parte e homens em outra parte. De fora eu consegui ver tudo lá dentro, a parte das mulheres era um mar negro de abayas. Eu fiquei com medo...sempre fico. Falei pro Mohamed que nem morta eu iria ficar ali sozinha com aquelas mulheres de preto (sendo que eu também era uma delas...ohhh derrota!) Mas enfim, Mohamed também não iria me deixar sozinha sem falar árabe e foi nessa hora que resolvemos tomar o caminho de casa. Embora tivéssemos cogitado ir a um outro parque, achamos melhor voltar porque o trânsito estava infernal, além da dificuldade de encontrar estacionamento.

A volta pra casa foi uma tortura de quase 2 horas presos no trânsito. Eu nunca tinha visto o trânsito daqui como vi ontem. O que já estava lento, praticamente parou nas proximidades do Hotel Ritz-Carlton. 



Mas enfim, conseguimos chegar em casa. Apesar de tudo, foi uma noite divertida e diferente. O melhor de tudo foi ver o patriotismo, a alegria com que os sauditas celebram esse dia. 

(Lembram que eu falei no início do post que quando passamos em frente ao Ritz-Carlton aparentemente eles estavam acertando algum detalhe do que seria apresentado durante a noite? Então...eu vou deixar aqui pra vcs um vídeo que foi postado hoje sobre a celebração no Hotel, motivo de todo o congestionamento...É um show de projeção mapeada em 3D com lindos fogos de artifício. Um espetáculo belíssimo, são quase 9 minutos de vídeo, mas vale a pena ver. Tenho que admitir que em algumas questões a mentalidade aqui é bem atrasada, mas em outros quesitos é tudo 'top de linha', coisa de primeiro mundo. E eles tem muito dinheiro, o árabe gosta de impressionar e os sauditas não são diferentes. http://www.youtube.com/watch?v=iJkaMn1KBZw#!
Desculpem, não sei por qual motivo não consegui postar o vídeo direto do Youtube, só o link.)

Então é isso. 
Voltei pra casa meio cansada, mas feliz por ter visto esse povo feliz e o que é melhor: com uma caixa de tâmaras fresquinhas e só das "bitela"...ó! :P


Últimas imagens, essas emprestadas do Google, mostrando um pouco do espírito nacional saudita. Beijos e até a próxima!





Ritz-Carlton