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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Tempo que voa...

Oi!
Já se passaram nove meses desde que eu e Mohamed nos casamos.
Pra mim parece que foi ontem, mas nove meses é muito tempo, é o tempo de uma gestação. E se eu for comparar tudo o que me aconteceu durante esses nove meses, é como se fosse mesmo uma gestação. Mas com uma diferença, pq não foi a gestação de um bebê e sim de uma vida nova completamente diferente, em um novo país, com uma nova pessoa, com outros hábitos e costumes...enfim, eu poderia dizer que foi a gestação de um novo tempo na minha vida, como aquelas linhas imaginárias que separam o antes e o depois de algo grandioso e que realmente é um marco na vida de qualquer pessoa.
Foram os nove meses mais movimentados da minha vida!
Muitas mudanças e "adaptações".
Falo adaptações entre aspas pq já percebi que a gente nunca se adapta de verdade. Participo de vários grupos na internet, grupos de brasileiras que são casadas e vivem no exterior e acho que se não conhecesse as histórias delas iria sempre achar que as minhas dificuldades são por conta do país onde vivo. Mas li muito, conversei com pessoas e percebi que não é bem assim, mesmo meninas que vivem em países da Europa enfrentam limitações e também tem suas queixas. Claro que Arábia Saudita é Arábia Saudita, mas no momento em que se coloca os pés fora do Brasil a gente se sente meio órfã, não importa em qual país vc esteja.

Estamos na época fria aqui na Arábia, mas isso não é um problema pra mim, eu gosto do frio, desse frio eu gosto...O que não gosto é do frio no coração das pessoas. Sim, a impressão que eu tenho é de que apesar de aqui a maioria das pessoas terem mais do que o suficiente pra viver em termos financeiros, há uma certa frieza no coração, uma tristeza no ar, até mesmo as crianças daqui são diferentes das crianças brasileiras, por exemplo. Uma vez no trânsito o carro parou no sinal e um outro carro parou do nosso lado, era um casal de estrangeiros e eles tinham um filho, um menino de uns 3 anos. Ele estava no banco de trás e começou a olhar pra mim, ele ria, fazia careta, jogava beijinho, se escondia, se divertindo muito e eu morrendo de rir, na hora que o sinal abriu ele deu tchau e fez uma carinha triste, eu achei isso tão fofo e comentei com o Mohamed que aquilo só tinha acontecido pq ele não era daqui. Essa situação ilustra muito como eu me sinto: eu vivo aqui e estou feliz (até onde é possível com as limitações), mas a maneira como são as pessoas daqui e como elas vivem afeta bastante na minha vida. Já até comentei uma vez no meu facebook que as mulheres daqui não sorriem muito e tem olhos tristes, e na verdade não são só os olhos, parece que muitas delas carregam um peso e uma grande tristeza na alma, coisa que eu não sei bem explicar, mas qualquer pessoa com senso crítico é capaz de perceber isso. Claro que eu não estou generalizando, existem pessoas que são muito felizes aqui, tem uma vida muito boa, e essas observações eu faço mais em relação aos nativos, não estou falando dos estrangeiros. Pra quem é de fora a vida é diferente, limitada, mas com muitos pontos positivos, aliás, quem é de fora veio pra cá por algum motivo maior, alguma vantagem que certamente o pais tem a oferecer.

A falta de amigos é uma das piores coisas nessa minha nova vida. Felizmente um casal de brasileiros amigos nossos breve estarão vivendo aqui em Riyadh e eu estou confiante de que as coisas vão melhorar nesse sentido, eu vou ter uma amiga mulher pra conversar em português e isso já é muito pra mim! Eu sei que provavelmente se isso não acontecesse eu iria continuar sozinha e por mais que eu não goste disso, é meio que uma escolha minha. Eu não sinto vontade de me "enturmar" aqui, eu prefiro (apesar dos contras) ficar na minha, não fazer amizades. Por que isso? Não sei direito, talvez eu seja estranha ou talvez eu acredite que é  legal quando amigos compartilham de afinidades parecidas, não que pessoas diferentes não possam se entender, mas um entendimento no nível cultura do Brasil x cultura da Arábia Saudita talvez seja um pouquinho complicado hahaha...

Outra coisa ruim: amanhã é Natal e eu estou aqui! Nem sinal de Papai Noel, de luzes ou musiquinhas chatas, mas que a gente adora e sempre se sente nostálgica. 
Eu nunca gostei muito de Natal, mas agora sinto falta, principalmente por estar tao longe da minha família e amigos. Eu sei que eu tenho o Mohamed, mas algumas pessoas especiais não são substituíveis. Vc pode até ter um amigo "meia boca" e algo acontecer, vcs se afastarem e vc provavelmente vai encontrar um outro amigo, talvez até melhor, amigo esse que vai ficar no lugar do antigo amigo, mas vc jamais vai ser capaz de substituir uma mãe, uma irmã, uma melhor amiga por outra pessoa. 

Além do Natal, tem ainda o final de ano, que é sempre aquele momento em que a gente pára pra analisar o que fez de bom ou ruim durante o ano que está no fim. Quais foram os projetos e planos que se concretizaram e quais são os que tiveram que ser adiados pro ano seguinte. Essa é a parte boa da história, pq em anos anteriores eu sempre ficava com a mesma sensação de que o ano estava acabando e eu não tinha feito nada de grande ou especial. Esse ano está sendo diferente pq eu sei que fiz muito, que fui corajosa, que fui ousada e que apesar de alguns medos, eu não paralisei e fui adiante! Isso me deixa com uma sensação de dever cumprido que é muito boa de ser sentida e que há muito tempo não me lembrava como era isso. 


Antes eu falei dos motivos que levam muita gente a se mudar pra cá, normalmente esses motivos são financeiros. Essa parte é ótima! A vida que Mohamed e eu temos aqui, em termos de trabalho, conforto, saúde, segurança e vários outros pontos, nós jamais iríamos conseguir ter no Brasil ou no Egito. O apartamento onde vivemos aqui, se fosse pra vivermos em algo equivalente a isso no Brasil, no mínimo eu teria que ser funcionária pública do Senado ou algo assim pra conseguir pagar kkkkkk A segurança do pais é de deixar qualquer brasileiro de queixo caído, já falei sobre isso em posts antigos, mas é algo que ainda hj me impressiona.
Nas questões de lazer não se tem tantas opções, mas a gente sai todo final de semana, os shoppings são grandes, lindos, tem tudo que existe em todos os países de primeiro mundo, vc consegue comprar coisas muito boas por um preço justo, a variedade de tudo é incrível. Além disso, apesar da paisagem meio amarelada do deserto, a natureza também tem seu charme e a gente está sempre desfrutando do que ela tem a nos oferecer. Eu sempre fui muito caseira, mas aqui eu tenho conhecido muita coisa e mesmo com as limitações, tenho aproveitado mais da vida aqui do que fui capaz de fazer no Brasil. E é claro que eu teria mais fatos interessantes pra contar, mas nem tudo deve ser dito em um ambiente como esse de internet, onde eu escrevo pros meus amigos, mas sei que outras pessoas que não são tão amigas assim também terão acesso. Certas coisa é manter deixar em off, mas resumindo: somos dois estrangeiros vivendo em uma terra diferente da nossa, se enquadrando e respeitando as regras, mas sendo felizes do nosso jeito. Diferente de alguns nativos que eu comentei antes, nós temos "olhos sorridentes"! Hehehe
O Mohamed é o motivo de eu estar aqui e esses nove meses foram de muito aprendizado, de encaixes, de muita cumplicidade e amor. Eu poderia estar sozinha em qualquer lugar do mundo, mas eu iria preferir estar aqui com ele. E é onde eu estou, aqui ou em qualquer lugar, se for ao lado dele, então é onde eu devo estar. Apaixonada nível mil por este homem!
Apesar de tudo eu estou muito feliz com as mudanças. Foi a escolha certa no momento certo, pelos motivos e pela pessoa certa. Nunca me senti tão amada, tão cuidada e tão querida como me sinto com ele. Nunca tive tanta sintonia com uma pessoa, ao ponto de tê-la encontrado nove meses atrás e ainda hj ter a sensação de que é só o primeiro dia, mesmo depois de tanto tempo. Isso é algo especial! Isso é o que faz com que as outras dificuldades sejam amenizadas. Isso faz com que tudo valha a pena. Eu sei de casos de meninas que se casaram e mudaram pro país do amado e que além da questão da adaptação com a cultura, existem muitos problemas de relacionamento com o marido ou com a família do mesmo e eu realmente admiro essas meninas, pq eu sei que não suportaria uma vida longe da minha família e num casamento difícil.
Enquanto estivermos bem e felizes a vida aqui vai continuar valendo a pena!
Então é isso pessoal.
Talvez eu não volte mais aqui no blog esse ano, então aproveito pra desejar um Feliz Natal pra todo mundo e que 2015 seja ainda melhor do que 2014, que muitas coisas boas aconteçam e que eu tenha muitas histórias bacanas pra contar desse minha aventura vida na Arábia!
Beijo no coração :)



2 comentários:

  1. Ana eu moro em Belarus há cinco anos e só agora que encontrei outra brasileira aqui é que encontrei uma amiga. Também tenho dificuldade pra me enturmar com as bielorrussas.

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  2. Oi Liv....muito feliz de ver vc por aqui! :)
    Olha, vc é forte, pq eu estou aqui há menos de 1 ano e essa questão pesa muito pra mim, não vejo a hora dessa minha amiga brasileira dar o ar da graça aqui em Riyadh.
    Antes eu achava que era implicância minha, mas hj já sei que muitas meninas se sentem assim..me sinto menos estranha agora. Hahaha Bjão lindona!

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